A Pró Rio Manhuaçu nasceu em outubro de 2003 a partir de um sonho de alguns moradores da zona ribeirinha de Manhuaçu interessados em buscar uma solução para as enchentes que adentram suas casas expulsando-os.

Pessoas que na maioria das vezes não tem muitos recursos, fizeram suas vidas na zona ribeirinha e sem possibilidades de mudanças de residências, eis que tudo o que tem estão em suas casas construídas as margens do Rio Manhuaçu.

Os objetivos da Pró Rio Manhuaçu são sócio-ambientais enfatizando a busca da minimização ou extinção das enchentes do rio Manhuaçu.

As inundações Rio Manhuaçu

No início de nossos trabalhos não tínhamos qualquer informação a respeito do diagnóstico das causas das inundações. Foi nas atividades da Pró Rio Manhuaçu que descobrimos as possíveis causas que traziam as enchentes.

Possíveis causas porque ainda não temos a comprovação cientifica delas ainda, muito embora sejam visíveis, podendo citá-las, dividindo-as em dois níveis:

  • Causas intensas principais:
    • mudanças climáticas ocorridas nos últimos tempos – efeito estufa,
    • construções no leito dos rios,
    • uso e ocupação desordenada dos solos
  • Causas contribuidoras:
    • impermeabilização dos solos,
    • lixo,
    • esgotos atirados no rio,
    • queimadas,
    • desflorestamentos,
    • aterros

Sobre as mudanças climáticas ocorridas nos últimos tempos o que chamamos de efeito estufa que é o aumento da temperatura da terra causado pelo acúmulo de gás carbônico (CO2) e de gás metano (CH4) na atmosfera. Esse acúmulo ocorre porque a capacidade de assimilação ou absorção da terra já foi superado, ou seja, estamos jogando na atmosfera mais CO2 e CH4 do que a natureza pode absorver.

Esses gases têm a propriedade de aprisionar o calor do sol que incide sobre a terra impedindo-o de retornar ao espaço cósmico. Com isso a terra fica mais aquecida.

O excesso de gás carbônico é produzido por processos industriais ligados ao consumo de combustíveis fósseis (gasolina, óleo diesel, querosene, etc.), incêndios e queimadas.

O gás metano é emitido para a atmosfera pelos processos biológicos que ocorrem principalmente nas plantações de arroz, nas pastagens (gado) e principalmente nos lixões.

O calor excessivo aprisionado na atmosfera por esses gases está elevando gradativamente a temperatura do planeta ocasionando alterações climáticas.

Tais mudanças climáticas segundo os cientistas vão: derreter o gelo das calotas polares e elevar o nível da água dos mares, causando inundações, trazer prejuízos incalculáveis a agricultura, aumentar a incidência de doenças infecciosas, tornar o clima errático e extremo, além de outras mudanças.

O Protocolo de Kyoto é um acordo internacional que busca a redução da emissão dos gases causadores do efeito estufa, contudo, os paises mais ricos, Estados Unidos e Japão, não têm apoiado tal acordo apesar de serem os maiores poluidores do planeta.

O efeito estufa tem como influência em nossa região no aumento do índice pluviométrico em pequeno período nos finais de ano face  alteração no clima global, no entanto, quanto a esta causa a única possibilidade é de conscientização para a redução na emissão destes gases sem qualquer outra alternativa direta no nosso meio.

Quanto às construções no leito do rio verificamos que o crescimento populacional, frente a falta de espaço apropriado fez surgir as margens do rio Manhuaçu verdadeiras palafitas construídas dentro do leito do rio sem qualquer fiscalização municipal, estadual ou federal. Nas últimas décadas estas construções foram acentuadas inclusive aterrando vários pontos do rio principalmente aqueles onde existiam os chamados remansos. É de responsabilidade do município a outorga para alvarás de construção sendo que o município ainda não tem uma legislação apropriada para uso e ocupação de solo.

A partir de 1970 houve a intensificação da plantação desenfreada de cafeeiros não havendo atualmente qualquer fiscalização sobre o manejo de solos nestas plantações não havendo também qualquer trabalho ambiental que possa minimizar o impacto ambiental desta atividade agrícola.

O extinto IBC – Instituto Brasileiro do Café – regulamentou e fiscalizou até 1982 a obrigatoriedade de terraceamento e curvas de nível como tratos ambientais para as lavouras de café.

A cultura de café, segundo dados da EMBRAPA, desloca 1.100 kg de solo por hectare por ano, quando a mata nativa carreia apenas 4 Kg de solo por hectare por ano. Como conseqüência desta atividade agrícola na bacia do rio Manhuaçu, sem qualquer controle, nos períodos chuvosos, a chuva numa velocidade enorme, visto que o solo está exposto, carreia sólidos para o leito do rio na proporção de 1100 kg/ha/ano trazendo diretamente o assoreamento do leito do rio.

A chuva intensa com alto índice pluviométrico que cai num período de aproximadamente sete dias nos finais de ano encontram um solo muito acidentado, praticamente exposto devido a monocultura cafeeira sem qualquer trato ambiental (terraceamento, cordões ou curvas de nível), também remexido e limpo devido a colheita que termina em meados de outubro.

Nestas condições o solo rapidamente perde seu poder de absorção e infiltração, carreando todo o volume de água, solo remexido, entulho e lixo para o rio.

Todo esse volume de água, na ordem de 23 milhões de litros chega a zona urbana de Manhuaçu ajuntando-se desde sua nascente em São João do Manhuaçu a aproximadamente 40 km da zona urbana de Manhuaçu recebendo os seus atributos: Luisburgo e Manhuaçuzinho, vindo a encontrar na zona urbana o leito do rio invadido pelas construções tendo como conseqüência uma enorme, devastadora e rápida enchente que tudo destrói.

Sabemos que em toda a bacia desenvolve-se intensivamente a monocultura cafeeira.

O volume de águas, devido à exposição do solo, que tem pouquíssima mata nativa, mata de topo e ciliar para protegê-lo é maior, eis que estas caem e descem à montanha na velocidade de um metro por segundo, sem tempo suficiente para infiltração.

Temos então as inundações da zona urbana que se acentuaram pós 1970, sendo mais conhecidas as enchentes de 1979, 1982, 1985, 1997, 2003 e 2005.

Note-se que estas inundações acentuaram-se pós 1970 coincidindo com o inicio do “pool” cafeeiro na região.

A pior destas inundações foi a de 2003, cujas águas subiram oito metros, deixando 1800 imóveis residenciais afetados, aproximadamente 800 famílias ou 5.000 desabrigadas, mais de 100.000 hectares de terras inundados, cerca de 1.800 comércios afetados, desaceleração da economia local com desenvolvimento insatisfatório face a falta de estrutura segura à implantação de empresas devido ao perigo das enchentes, além da desolação do povo com seqüelas e traumas.

Em função desta grande enchente é que fora criada a Pró Rio Manhuaçu em outubro de 2003 que busca alternativas a minimização ou extinção das enchentes que tanto prejuízo traz ao povo, principalmente os mais pobres.

Outras causas, em nível menor, também têm influencia na ocorrência das inundações: a impermeabilização dos solos, o lixo, as queimadas, o desflorestamento, os esgotos despejados in-natura no leito do rio e os aterros.

A impermeabilização dos solos com a construção de estradas, terreiros de secagem de café, pátios, etc., impossibilita a infiltração de água para o lençol freático tendo como conseqüência o aumento do volume de água carreado para o leito do rio.

Não temos uma intensa impermeabilização do solo urbano como ocorre em grandes cidades como São Paulo e Belo Horizonte, no entanto, temos intensa impermeabilização de solos rurais devido as estradas carreadoras de café, construídas no meio das lavoura de café sem qualquer trato ambiental.

O lixo nesta região da bacia do rio Manhuaçu que tem um relevo acidentado composta por muitas montanhas, com as chuvas são carreados diretamente para o leito do rio ajudando ainda mais a assoreá-lo. Somente a zona urbana de Manhuaçu produz 37 toneladas de lixo coletados e processados diariamente, segundo dados do SAMAL, sem contar o lixo que é atirado diretamente no leito do rio pela população. Aliás, sobre esse assunto é importante ressaltar que a população graças às várias campanhas promovidas pela entidade vem se conscientizando a cada dia reduzindo sistematicamente o volume de lixo atirado ao rio, mas existem ainda alguns insensíveis.

Os esgotos são despejados in natura no leito do rio. Estudo feito pelo SAAE, coletando-se água no rio nas onze pontes que cortam a zona urbana do município, mostram que na primeira ponte a água é limpa e que na décima ponte que se situa no bairro Engenho da Serra é o local em que a água se encontra mais contaminada e poluída, sendo certo que o rio Manhuaçu não tem como carrear e processar os esgotos de aproximadamente 100 mil pessoas que estão as suas margens desde sua nascente nos municípios de Luisburgo e São João do Manhuaçu até a cidade de Manhuaçu. Sem contar que a coleta da primeira ponte (Ponte da Aldeia) mostra uma água pouco poluída, intensificando a poluição até a 11ª ponte e a partir daí, devido às cachoeiras, reinicia-se a renovação das águas.

Com relação às queimadas e o desflorestamento que é o corte indiscriminado de árvores, muito pouco pode ser feito nesta região, eis que existe pouquíssima mata nativa, pois os longos anos de agricultura intensiva cafeeira, praticamente extinguiu as matas nessa região.

Ocorrem ainda algumas queimadas para limpeza de terrenos e pastagens e o desflorestamento em menor quantidade.

Com relação aos aterros e desaterros nota-se que tem impacto ambiental direto e são também causadores das inundações. Devido à falta de área urbana para construções maiores é comum desaterrar grandes áreas com movimentação enorme de solos que são transportados e despejados as margens do rio causando a ocupação de área inundável.

Ações para minimizar as enchentes em Manhuaçu

Estas grandes causas de inundações do rio Manhuaçu: construções no leito do rio e uso e manejo inadequado de solos precisam ser priorizadas na execução das políticas publicas via Plano Diretor.

É preciso, de alguma forma, fomentar o trato ambiental principalmente na zona rural. É preciso intensificar-se o plantio das matas de topo e matas ciliares, além de favorecer a construção de cacimbas e curvas de nível, sem contar com a proteção das áreas inundáveis.

A própria Administração Municipal precisa se conscientizar da necessidade de construção de cacimbas as margens das estradas municipais, como forma de infiltrar a água das enxurradas, reduzindo a manutenção nestas estradas e mantendo-a transitável nos períodos de chuva.

Através de um trabalho de educação ambiental voltado para os produtores rurais aliado a uma política de subsidio agrícola com pagamento direto pelo Estado da manutenção e construção de curvas de nível nas lavouras, além da construção e manutenção de cacimbas nas estradas carreadoras de café, poderemos ter excelentes resultados no trato ambiental, com reflexos diretos na contenção de enchentes.

Precisamos também consolidar a coleta seletiva de lixo em um trabalho de educação ambiental de longo alcance, sem contar a necessidade de aplicação de multas para aqueles que insistem em atirar lixo e entulhos no rio.

Precisamos ainda urgentemente construir as ETE – Estações de Tratamento de Esgotos, carreando todo o esgoto produzido para ETE que estarão processando este esgoto e retornando-o para o leito do rio águas limpas.

Com relação as queimadas é necessária uma ação mais pontual do Estado. Nesse contexto, a Companhia de Policia Ambiental do 11º Batalhão de Policia Militar de Manhuaçu precisa de mais servidores e equipamento apropriado, sob pena de ficar inerte.

Quanto aos aterros e desaterros é necessário uma ação mais intensiva do poder municipal, normatizando e coibindo tais atividades que deve ter autorização especifica, sob supervisão de engenheiro devidamente preparado e com responsabilidade técnica.

Por todas estas indagações nota-se fartamente a demanda por um Código Ambiental Municipal, além de fiscais para a atividade ambiental.      Sabemos que nosso trabalho será contínuo por várias gerações, no entanto, precisamos avançar muito na educação ambiental na busca de mudança de posturas.

Precisamos também buscar projetos estruturais viáveis a contenção de enchentes bem como os recursos necessários a sua consecução.

Embora a instituição tivesse bastante conhecimento sobre as causas das inundações na cidade de Manhuaçu era necessário ouvir outras instituições para que somasse informações sobre o tema enchentes.

Era importante ter representatividade política para acionamento das esferas governamentais.

Era fundamental sairmos do “achismo” que deve ser entendido como tudo aquilo que é dito pelo leigo, inclusive a própria Pró Rio Manhuaçu, e termos respaldo e aconselhamento técnicos.

A Comissão contra Enchentes de Manhuaçu

Após a posse da nova administração municipal que se deu em janeiro de 2005 estávamos ansiosos por conversar com o novo Prefeito de Manhuaçu, Sr. Sergio Marcos de Carvalho Breder. 

Porém, em todas as oportunidades em que o tema fora colocado em pauta nas reuniões da Organização, havia sempre um desconforto, visto que o novo prefeito estava iniciando seu governo, com vários compromissos, dificuldades e recebendo uma Prefeitura para iniciar os trabalhos.

Não obstante após a tragédia das enchentes de 04 março de 2005, solicitamos uma reunião com Sr. Prefeito que foi realizada no dia 08 de março de 2005 às 06h30min.

Os representantes da Pró Rio Manhuaçu colocaram as preocupações e necessidades do Município vir a desenvolver algum trabalho na busca da minimização ou extinção das enchentes em Manhuaçu, solicitando ajuda ao Sr. Prefeito, tendo este colocado a Prefeitura Municipal a disposição da organização, informando ainda que tudo faria para solucionar este grave problema, garantindo inclusive recursos para todos os trabalhos que fossem necessários.

A Pro Rio Manhuaçu solicitou ao Sr. Prefeito a formação de uma Comissão mista para estudar a situação e propor ações, solicitando ainda ao Sr. Prefeito a nomeação dos representantes desta para que pudessem efetivamente iniciar os trabalhos.

O Sr. Prefeito acatou a indicação e solicitou urgência no desenvolvimento dos trabalhos, reafirmando que não faltariam recursos para os trabalhos, solicitando a Pro Rio Manhuaçu que cuidasse de convocar todas as entidades ligadas ao assunto para participarem de uma primeira reunião de iniciação dos trabalhos.

A Pró Rio Manhuaçu, referendada pelo Sr. Prefeito Municipal, convocou os seguintes órgãos:

  • 11º Batalhão de Policia Militar de Minas Gerais
  • Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Manhuaçu – ACIAM
  • Associação do Engenheiros e Arquitetos da Vertente Ocidental do Caparaó – AEA
  • Associação dos Amigos do Meio Ambiente – AMA
  • Associação dos Pescadores Amadores de Manhuaçu – APAM
  • Banco do Brasil
  • Câmara Municipal de Manhuaçu
  • Comitê da Bacia Hidrográfica Águas do Rio Manhuaçu
  • Conselho das Associações de Moradores de Manhuaçu
  • Órgão de Conservação e Defesa do Meio Ambiente – CODEMA
  • Conselho Municipal de Segurança Pública e Defesa Social – CONSEP
  • Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura – CREA/MG
  • Doctum Educação e Tecnologia
  • Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais – EMATER
  • Instituto Estadual de Florestas – IEF
  • Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA
  • Ordem dos Advogados de Manhuaçu – OAB
  • Prefeitura Municipal de Manhuaçu
  • Pró Rio Manhuaçu
  • Secretaria Municipal de Agricultura, Indústria e Comercio de Manhuaçu
  • Secretaria Municipal de Educação de Manhuaçu
  • Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Manhuaçu – SAAE
  • Sindicato Rural de Manhuaçu
  • Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Manhuaçu

Na primeira reunião, como forma de racionalizar os trabalhos, a referida Comissão foi subdividida em três subcomissões: Técnica, Educação Ambiental e Legislativa.

A Subcomissão de Mobilização Ambiental realizou duas reuniões.

A Subcomissão Técnica foi até Governador Valadares encontrar-se com o Superintendente da RURALMINAS, foi até Viçosa encontrar-se com dois grupos de professores que estavam interessados em trabalhar o projeto. Esteve em reunião com a empresa SOLUS CONSULT que ofereceu fazer projetos de construção de barragens nos rios São João do Manhuaçu e São Luiz e ainda trouxe o Professor da UFMG Nilo para uma visita ao rio Manhuaçu, ocasião em que foi realizada uma expedição do Bairro Engenho da Serra até as cidades de Luisburgo e São João do Manhuaçu, tendo sido feita posteriormente uma reunião com o Professor.

A Subcomissão Legislativa/Judiciária fez uma reunião para conhecer as demandas da Comissão.

Em maio de 2005 as propostas das subcomissões, votadas na assembléia foram apresentadas ao Executivo Municipal.

Em 22/05/05 foi publicado no  Jornal “Tribuna do Leste” a Portaria 028/2005 de 13 de maio de 2005 do Sr. Prefeito Municipal de Manhuaçu, Sérgio Marcos de Carvalho Breder, nomeando os membros da Comissão para estudo, avaliação e apresentação de propostas para as causas das inundações no perímetro urbano de Manhuaçu – Comissão Pró Enchentes do Rio Manhuaçu.

As conclusões e aconselhamentos a que chegou esta Comissão são:

  1. Contratação do Grupo coordenado pelo Professor Nilo da Universidade Federal de Minas Gerais para estudo técnico e proposição de ações estruturais e não estruturais direcionadas a contenção de enchentes do Rio Manhuaçu, para trabalhos na Zona Urbana,
  2. Contratação do Grupo coordenado pelo Professor André Faria da Universidade Federal de Viçosa para estudo técnico e proposição de ações mitigadoras difusas direcionadas a contenção de enchentes do Rio Manhuaçu, para trabalhos na Zona Rural,
  3. Necessidade de um slogan para a campanhas educativas ambientais com divulgação na mídia em geral, atividades sócio culturais educativas como: teatros, músicas, danças, palestras, concursos e campanhas diversas; implementação da campanha seletiva de lixo, pelo menos em um bairro piloto; marcação de dias para cata-trecos ou bota fora. Tais campanhas deverão ser realizadas desde a implementação deste projeto com recursos da Prefeitura Municipal de Manhuaçu, visando a educação ambiental.com premiação aos alunos, escolas, professores e cidadãos, podendo-se criar premiação anual, para acompanhamento aos trabalhos estruturais e não estruturais, antes, durante e depois de sua execução.
  4. Analisar, cotejar e aprovar com alterações necessárias o Projeto de Legislação Ambiental cuja minuta de Lei deverá ser apresentada pela Subcomissão Legislativa Judiciária até 09.09.05.

Em julho/05 o Departamento de Artes e Humanidades do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFV – Universidade Federal de Viçosa –  por meio do Professor André Luiz Lopes de Faria, apresentou sua proposta de trabalho, para elaboração de mapas temáticos de solos, declividade, uso e ocupação, geomorfologia, modelo digital de elevação, hidrografia, áreas de risco a erosão dos solos e áreas de risco à enchente, no valor de R$ 35.000,00.

Na mesma época, o Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da Escola de Engenharia da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais – por meio do Professor Nilo de Oliveira Nascimento apresentou sua proposta de trabalho, para realizar o mapeamento das áreas urbanas inundáveis da cidade de Manhuaçu para eventos críticos tendo por referencia os tempos de retorno de 2, 5, 10, 25, 50 e 100 anos; identificar causas locais de agravamento de inundações, no trecho urbano do rio Manhuaçu, relacionadas com a ocupação das margens do curso d’agua e com a presença de singularidades tais como pontes, os afloramentos rochosos e outras obstruções ao escoamento; avaliação das alternativas estruturais de controle de inundações: implantação de barragens a montante da área urbana, desobstrução e reconformação da calha fluvial, no trecho urbano; e avaliação, em caráter preliminar, do beneficio potencial para o controle de inundações, da adoção de medidas difusas a serem adotadas na bacia hidrográfica, no importe de R$ 70.000,00.

Ou seja, a UFV estaria desenvolvendo trabalho não estrutural na zona rural a montante do Rio Manhuaçu e a UFMG trataria de desenvolver um trabalho que poderia tratar de questões estruturais ou não estruturais no perímetro urbano do Rio.

A Pró Rio Manhuaçu, encaminhou ao Sr. Prefeito as duas propostas das universidades, no entanto, por outras razões financeiras, o Sr. Prefeito Municipal de Manhuaçu, Dr. Sergio Marcos de Carvalho Breder, informou dispor apenas de R$ 80.000,00 para estes trabalhos.

Diante da dificuldade e na necessidade de dar continuidade aos trabalhos, a Pró Rio Manhuaçu contactou os Professores Dr. André Luiz Lopes de Faria e Nilo de Oliveira Nascimento oferecendo redução proporcional nas referidas propostas até o montante de R$ 80.000,00, o que foi aceito por ambos. Assim, a proposta da UFV voltou para R$ 27.000,00 e da UFMG para 53.000,00.

Após essa negociação, em 12/09/2005 o Executivo Municipal encaminhou a Câmara Municipal de Manhuaçu dois projetos de Lei: Projeto 042/2005 para firmar convenio com a Fundação Christiano Ottoni da UFMG no valor de R$ 53.000,00 e Projeto de Lei 043/2005 para firmar convenio com a Fundação Arthur Bernardes da UFV, no valor de R$ 27.000,00.

Em 06/10/2005 na 17ª reunião ordinária da Câmara Municipal de Manhuaçu, a Pró Rio Manhuaçu apresentou palestra que teve como enfoque: Cidadania e responsabilidade social, objetivos da Pro Rio Manhuaçu, Causas difusas das enchentes do Rio Manhuaçu, Comissão Pro Enchentes instituída pela Portaria 028/2005, Proposta de convenio com a UFV e a UFMG. Em seguida os Professores André Luiz Lopes de Faria e Nilo de Oliveira Nascimento, coordenadores do projeto da UFV e UFMG, respectivamente, apresentaram suas propostas de trabalho. No entanto, devido a bloqueio de recursos do Município, a aprovação dos referidos projetos de lei foram suspensos, tendo sido aberto vistas ao projeto para um vereadora.

Em 27/10/2005 na 11ª reunião extraordinária da Câmara Municipal de Manhuaçu os projetos de lei 042 e 043/2005 foram aprovados.

Em 03/11/2005  foi promulgada a Lei 2.510/2005 que autorizou convênio com a Fundação Arthur Bernardes da UFV, no importe de R$ 27.000,00 e a Lei 5.12/2005 que autorizou convenio com a Fundação Christiano Ottoni da UFMG, no importe de R$ 53.000,00.

Em 01/12/2005 foi assinado Convenio com a Fundação Christiano Ottoni da UFMG, no importe de R$ 53.000,00 e em 29/12/2005 foi assinado convenio da Fundação Arthur Bernardes da UFV, no importe de R$ 27.000,00.

Em meados de janeiro de 2006 iniciaram-se os trabalhos das duas universidades e que ainda estão sendo executados.

Ressalte-se que o contrato celebrado com a Fundação Christiano Ottoni/UFMG tinha como quesito que o município realizasse os serviços de topobatimetria, no entanto, ao se orçar o referido serviço verificou-se que este custaria cerca de R$ 30.000,00. Sem recursos para contratar estes serviços a Pro Rio Manhuaçu demandou junto ao Sr. Prefeito Municipal, Sergio Marcos de Carvalho Breder, que solicitasse ao SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgotos – a realização destes trabalhos topobatimëtricos, ao que este informou poder dar suporte a estes trabalhos, mas que não teria profissional disponível para ele, ao que a Pró Rio Manhuaçu, em parceira com Associação Comercial, CDL, Sicoob  e outros pagaram um engenheiro para os trabalhos de campo.

A Pró Rio Manhuaçu integrada a Comissão Pro Enchentes do Rio Manhuaçu estará continuamente integrada a questão minimização ou extinção das enchentes do Rio Manhuaçu juntamente com todos os órgãos envolvidos, principalmente a Prefeitura Municipal de Manhuaçu, sendo este o ponto de partida para acompanhamento de todos os trabalhos que se seguirão até a efetivação de todo o processo que terminará por extinguir ou, no mínimo, minimizar os efeitos das enchentes de nosso Rio Manhuaçu por ser o maior anseio de nossa sociedade manhuaçuense.